
17 jan 2025
Vivemos em um mundo conectado, onde a tecnologia transforma interações e redefine o mercado de trabalho. Entretanto, milhões de jovens em situação de vulnerabilidade ainda não têm acesso a essa realidade. Atualmente, mais de 10 milhões de brasileiros entre 15 e 29 anos estão fora da educação e do mercado de trabalho. A inclusão digital, aliada à capacitação profissional, é essencial para mudar esse cenário, beneficiando tanto a juventude quanto o mercado de tecnologia.
O setor tecnológico enfrenta um déficit significativo de profissionais qualificados. Segundo a Brasscom, o Brasil precisará de 797 mil especialistas em tecnologia até 2025, mas o sistema educacional atual cobre menos da metade dessa demanda. Essa lacuna representa um desafio e, ao mesmo tempo, uma oportunidade para empresas que integram a responsabilidade social às suas estratégias.
A inclusão digital não se limita ao acesso à internet. Ela simboliza a abertura de portas para a educação, o empreendedorismo e a empregabilidade, funcionando como um motor de desenvolvimento econômico e social. Iniciativas que promovem a capacitação profissional em áreas como programação, análise de dados e suporte técnico podem transformar a realidade de jovens que, muitas vezes, não encontram oportunidades formais de aprendizado e crescimento.
Entretanto, a inclusão digital vai além da qualificação técnica. Acredito no desenvolvimento integral dos jovens, em habilidades socioemocionais como autoconhecimento e autoconfiança para fortalecer talentos. Essas habilidades são tão importantes quanto o conhecimento técnico, pois moldam profissionais mais completos e capazes de contribuir ativamente para o ambiente corporativo e a sociedade.
Há mais de 25 anos, tenho acompanhado de perto os impactos transformadores que iniciativas sociais podem gerar na vida dos jovens. Em 2024, acompanhamos a marca de mais de 5000 jovens beneficiados por programas gratuitos, desses 1.700 deles estão em vagas de aprendiz. É inspirador ver muitos desses jovens contribuindo ativamente para diversos setores, trazendo inovação e novas perspectivas para o mercado.
Empresas de todos os portes têm um papel essencial nesse movimento. A colaboração entre organizações do setor privado e ONGs pode criar soluções escaláveis para ampliar o acesso à inclusão digital e à capacitação. Exemplos globais mostram que parcerias estratégicas resultam em impactos significativos: iniciativas como projetos de imersão gratuitos, mentorias e programas de jovem aprendizes voltados para jovens em situação de vulnerabilidade têm mostrado resultados consistentes no Brasil e no mundo.
Além disso, a responsabilidade social empresarial, integrada aos pilares ESG, traz benefícios que vão além do impacto direto. Empresas que promovem inclusão digital e capacitação fortalecem sua reputação, atraem investidores comprometidos com práticas sustentáveis e conseguem engajar equipes internas em torno de propósitos maiores. O retorno vai além do impacto social e econômico, trazendo também ganhos em inovação, produtividade e diversificação de talentos.
A transformação do mercado de trabalho para jovens exige um compromisso coletivo. Precisamos enxergar cada jovem como um potencial, capaz de impulsionar inovação e crescimento em setores estratégicos. A responsabilidade social e a inclusão digital são os primeiros passos para essa mudança, mas o sucesso dependerá de iniciativas contínuas, parcerias robustas e visão de longo prazo.
Ao proporcionar oportunidades de inclusão digital voltadas para juventude, moldamos uma geração inclusiva, inovadora e sustentável. E é essa visão de impacto compartilhado que precisamos colocar no centro das estratégias de desenvolvimento, unindo esforços para transformar desafios em oportunidades reais.
*A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião do INSTITUTO CONECTA.
Sobre o autor:
Daniel de Araujo é CEO da CRATEUSWEB, que desde 2017 atua na criação e desenvolvimento de oportunidades para a juventude, formado em Matemática pela Universidade UNOPAR, com Pós Graduação em Inteligência Artificial, Computação em Nuvem e Defesa Cibernética pela FACUMINAS e Mestrado em Transformação Digital pela FUNIBER. Possui mais de 20 anos de experiência na área de Tecnologia, com foco em desenvolvimento e implantação de projetos.